A EQ é basicamente um modo de amplificar ou atenuar certas frequências. Para compreender a EQ, necessita de compreender frequência. A frequência refere-se ao número de ciclos de uma onda sonora por segundo. Imagine uma onda sinodal. Depois de completar um ciclo irá adoptar este aspecto:
As frequências baixas possuem ondas mais compridas e consequentemente menos ciclos completos. Estas frequências atravessam objectos sólidos com mais facilidade do que as altas-frequências. Esta é a razão, porque os seus vizinhos apenas ouvem as frequências baixas através das paredes. O ouvido humano consegue escutar entre 20 e 20.000 Hz (20kHz).
Necessita de ter noção, de que forma, cada frequência, irá afectar a sua mistura. As frequências entre 1 e 3kHz (1000 e 3000Hz), são aquelas em que a voz é mais audível, mas em demasia poderá magoar os seus ouvidos. O intervalo entre 9 e 15kHz é o espaço onde os sons altos entram na mistura, os pratos de choque e vozes cristalinas. Em demasia irá soar "áspero" e "agressivo" para um ouvinte. Entre 80 e 200 Hz irão estar as frequências que a maior parte do baixo ocupa, e abaixo dos 80Hz estão as frequências mais baixas do baixo e o bombo de uma bateria.
Para utilizar a EQ de forma correcta, deverá primeiro ouvir com atenção o som que está a tratar. Tente obter uma imagem do conteúdo harmónico na sua cabeça e escutar o timbre do som. Tente ouvir cada instrumento presente na gravação. O que gosta nele? O que é que não gosta? Como é que este som de articula com os outros na música? Antes de se atirar de cabeça, e começar a cortar nas baixas frequências do seu baixo ou os médios altos da voz, relaxe e tente mesmo decidir o que pretende fazer com o som.
O melhor método para começar, será cortar as frequências indesejadas. Se achar que o som está a sofrer de algo que não devia estar lá, então deverá cortá-lo. Os pianos por norma contêm algumas frequências de ressonância indesejadas. O melhor método para as isolar, passa por dar-lhes uma frequência com 10dB de ganho com um ligeiro factor Q, e trocando entre frequências de banda até descobrir a frequência indesejada e efectuar um corte nesta. Seja cuidadoso para não cortar em demasia, ou irá correr o risco de tornar o seu som mais magro (pouco cheio) ou "flat" demais.
Quando está equalizar instrumentos, pretende que cada um ocupe o seu próprio lugar na mistura. Noutras palavras, as suas frequências fundamentais (as frequências sonoras predominantes) não devem interferir entre elas. Enquanto que uma guitarra pode soar bem isolada num conteúdo harmónico de 1 a 3kHz, corre o risco de afogar as vozes, por isso terá de cortar um pouco de espaço para que possam encaixar as duas na mistura. O mesmo acontece com o seu bombo da bateria ou com o seu baixo. Se estes estiverem a ocupar as mesmas frequências, quando o volume da música está a ser aumentado, esta irá soar confusa, pouco precisa e com pouco definição. Imagine-se numa discoteca. Irá sentir o bombo da batida a bater no seu peito por exemplo e o baixo no seu estômago, ou talvez ao contrário.
Quando estiver a misturar, tente equalizar o máximo que conseguir quando toda a faixa está a ser tocada, em vez de isolar cada instrumento. Isto significa que não irá tentar por um único instrumento a soar bem individualmente, mas sim aglomerar com todos os restantes instrumentos e frequências presentes na faixa.
Em baixo poderá ver duas equalizações para dois sons mono distintos de piano. Eles estavam a tocar a mesma faixa, mas um foi "movido" para o canal áudio esquerdo e outro para o direito. Em seguida, ambos foram equalizados de maneiras diferentes para conferir um som mais estéreo. Repare que as frequências baixas foram removidas para dar caminho ao baixo, e um dos pianos que tinha um som particularmente agreste e desagradável, foi cortado perto dos 2Khz, o que também ajudou a criar espaço para os vocais.
Ganhe o hábito de cortar as frequências baixas do (s) instrumento (s) se não estiverem a adicionar algo à mistura. Apesar de poder parecer que não está a fazer grande coisa, a verdade é que ajuda mesmo a limpar a mistura, como poderá constatar no ruído em algumas gravações provocado por baixas frequências.
Tenha cuidado quando estiver a equalizar a mistura no seu todo, vozes incluídas . Pense que menos é sinónimo de mais. Apenas faça o que precisa, não equalize por equalizar. Poderá transformar a sua mistura com EQ, apenas tenha o cuidado de não exagerar.
Paulo S.
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